Saúde Mental e Liderança: Cuidando do Bem-Estar de Líderes

Saúde mental e Liderança
Saúde mental e Liderança

Muito se fala sobre o impacto da liderança no bem-estar geral das pessoas colaboradoras. Mas, em boa parte dos casos, um ponto-chave desta equação é deixado de lado: para conseguir promover saúde mental, as lideranças também precisam estar mentalmente saudáveis.

Embora uma pesquisa realizada pela Vittude, em 2023, tenha revelado que os líderes apresentam menos problemas relacionados à depressão, ansiedade e estresse do que seus liderados, é inegável que a responsabilidade de gerir uma equipe também pode custar caro à saúde mental.

Tanto que um levantamento feito pela mesma empresa, em 2021, apontou que 55% dos líderes brasileiros se sentiam estressados e que 30% dos funcionários acreditavam que seus gestores estavam à beira do Burnout.

Tendo esses dados como pano de fundo, hoje vamos abordar os desafios que as lideranças enfrentam em relação à própria saúde mental, bem como os impactos que isso pode ter nas organizações. Para saber mais, siga com a leitura do texto!

Por que a saúde mental dos líderes também merece atenção?

Nos últimos anos, a preocupação com o bem-estar emocional das pessoas colaboradoras passou a ocupar um espaço significativo na agenda de profissionais em cargo de gestão de pessoas. Porém, na busca por garantir a saúde mental do time, muitos líderes acabaram negligenciando o autocuidado.

A grande armadilha é que, quando a liderança não está emocionalmente saudável, ela dificilmente conseguirá cumprir com o objetivo de zelar pelos seus liderados. Por isso, é muito importante que toda empresa comprometida em criar uma cultura de bem-estar também olhe para as necessidades dos gestores.

A saúde mental dos líderes merece atenção por várias razões fundamentais, que geram impactos significativos nas organizações e nas equipes que eles lideram. Entre elas, podemos destacar:

Exemplo a ser seguido

Líderes são modelos a serem seguidos para suas equipes. Portanto, quando eles demonstram um compromisso com a própria saúde mental, isso pode encorajar outros profissionais a fazerem o mesmo.

Da mesma forma, líderes que negligenciam o autocuidado podem enviar a mensagem de que isso não é uma prioridade, o que, por sua vez, pode ser extremamente nocivo para a cultura organizacional.

Tomada de decisão e desempenho

A saúde mental afeta diretamente a nossa capacidade de tomar decisões eficazes. Não por acaso, um(a) líder sob estresse excessivo ou enfrentando problemas de saúde mental tem grandes chances de tomar decisões impulsivas ou que desfavoreçam tanto as pessoas colaboradoras quanto a empresa.

Por outro lado, líderes saudáveis mentalmente tendem a ser mais produtivos e eficazes em suas funções. Em geral, essas pessoas possuem uma capacidade maior de pensar com clareza, resolver problemas, manter o foco e liderar com empatia, o que contribui para o desempenho geral da equipe e da organização.

Retenção de talentos

Quando os líderes enfrentam desafios relacionados ao estresse e à sobrecarga, isso pode criar um ambiente de trabalho tóxico, que tenha como consequência o aumento do turnover de talentos.

Para se ter uma ideia, um estudo de 2019 relevou que oito em cada dez profissionais pedem demissão por causa do chefe – mais precisamente, devido ao sentimento de que a chefia não é uma inspiração para o dia a dia.

Em contrapartida, líderes que cuidam bem de própria saúde mental são mais propensos a criar um ambiente de trabalho positivo, onde os funcionários se sentem valorizados, apoiados e motivados.

Resiliência

É importante lembrar, também, que a liderança eficaz exige resiliência emocional.

Nesse sentido, gestores com a saúde mental em dia geralmente são mais capazes de lidar com adversidades, crises e desafios de maneira construtiva, o que é essencial para o sucesso a longo prazo de uma organização.

Quais os desafios dos líderes com relação à saúde mental?

Para promover a saúde mental das lideranças e, assim, apoiá-los a zelar pelo bem-estar do restante do time, o primeiro passo é compreender quais os desafios enfrentados nesta frente. Então vamos aos principais:

Pressão constante: líderes frequentemente lidam com níveis elevados de pressão devido às altas expectativas que recaem sobre eles. Na falta de dosagem, tomar decisões importantes, cumprir metas e liderar equipes de forma eficaz podem se tornar esmagadores..

Isolamento: a posição de liderança muitas vezes pode ser solitária. Ao ocuparem a posição de quem precisa estar disponível para ouvir as preocupações e acolher as pessoas colaboradoras, os líderes podem sentir que não têm ninguém com quem compartilhar seus próprios desafios.

Tomada de decisões difíceis: Frequentemente, os gestores de equipe confrontam-se com decisões difíceis que podem afetar o destino das pessoas colaboradoras e das organizações. O que, por sua vez, gera tensão e ansiedade.

Equilíbrio entre vida profissional e pessoal: encontrar um equilíbrio saudável entre as demandas do trabalho e de casa pode ser especialmente desafiador para líderes, uma vez que muitas vezes são esperadas longas horas de trabalho e disponibilidade constante por parte deles.

Medo do fracasso: o medo de falhar, especialmente em posições de alto perfil, pode ser um fardo pesado, que leva à ansiedade, à auto cobrança excessiva e à produtividade tóxica.

Como apoiar o bem-estar emocional dos líderes?

Contornar os desafios apresentados acima requer um foco consciente na saúde mental, tanto por parte do RH quanto dos próprios líderes. Afinal, as iniciativas de bem-estar encabeçadas pela área de Recursos Humanos precisam andar de mãos dadas com o reconhecimento por parte da liderança de que esse é um assunto que merece a devida atenção.

Dito isso, vamos listar abaixo sete ações que as organizações podem adotar a fim de oferecer esse apoio:

  • Promova a comunicação aberta, criando um ambiente onde líderes também se sintam à vontade para compartilhar seus sentimentos e preocupações sem medo de julgamento ou retaliação;

  • Forneça treinamento em saúde mental e inteligência emocional, para que líderes possam reconhecer sinais de estresse, ansiedade e depressão, e aprender a lidar com essas questões de forma mais eficaz;

  • Encoraje líderes a priorizarem o autocuidado, incluindo a prática regular de exercícios, alimentação saudável, sono adequado e atividades de relaxamento;

  • Reforce a mensagem de que líderes que cuidam bem de si mesmos têm maior capacidade para cuidar de suas equipes e alcançarem suas metas;

  • Ofereça flexibilidade no ambiente de trabalho, como horários mais flexíveis ou a possibilidade de trabalhar remotamente, quando apropriado. Isso pode ajudar os líderes a equilibrar melhor as responsabilidades profissionais e pessoais;

  • Incentive os líderes a buscarem apoio de colegas e mentores. Ter alguém com quem compartilhar experiências e desafios pode ser extremamente benéfico;

  • Promova uma cultura organizacional que valorize a saúde mental e o bem-estar emocional de todos. Isso pode incluir políticas que combatam o estigma em torno deste assunto e programas que incentivem a conscientização.

Ao adotar essas estratégias, as organizações podem ajudar as lideranças e, ao mesmo tempo, promover um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo para todas as pessoas colaboradoras. Afinal, quando pessoas em cargos de gestão se sentem apoiadas em sua jornada de bem-estar emocional têm mais probabilidade de liderar com eficácia e inspirar suas equipes a fazerem o mesmo.

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